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MARIALVA E MAIS 154 CIDADES DO PARANÁ NÃO TEM HOSPITAL



De acordo com um levantamento feito pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), das 399 cidades do estado do Paraná, 154 estão sem hospital, isso representa mais de um terço dos municípios paranaenses.

Marialva é uma das cidades sem hospital dentre os municípios do estado. No total, o Paraná conta com 482 hospitais. Quase um terço do número está concentrado nas cinco maiores cidades do Paraná: 69 estão em Curitiba; 29 em Londrina e 21 em Cascavel. Em Maringá, são 19 instituições e Ponta Grossa tem 10.

Maria Eduarda Silva, diagnosticada com Tetrologia de Fallot – doença que dificulta a circulação do sangue do coração para as artérias do pulmão –, precisou de atendimento médico na cidade de Marialva, mas por não haver hospital enfretou dificuldades. Ela precisou passar por duas cirurgias por conta da doença no estado de São Paulo, onde nasceu.

Com cinco anos de idade, Maria Eduarda mudou-se com a família para Marialva. Em fevereiro de 2018, a mãe da menina a levou para o Pronto Atendimento (PA) da cidade, após a criança reclamar de dores no peito e febre. No PA, o diagnóstico dado foi de virose, mesmo com a mãe de Maria Eduarda tendo alertado sobre a doença da filha, segundo a família.

A avó da menina afirmou, em uma entrevista concedida ao G1, que durante o período que estiverem no PA, eles não realizaram nenhum exame, nem encaminharam para um internamento. “Um dia, falava que era virose. Lá em outro médico, falava que era infecção de bexiga. Outra vez, disse que era pedra no rim”, explicou a avó da menina, Lindalva Rocha Silva.

Quinze dias após os primeiros sintomas, o quadro da menina se agravou em casa. Novamente, ela foi levada para o PA. Então, os médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram chamados para levá-la para um hospital de Maringá, mas menina teve uma parada cardíaca e morreu.

“É difícil a gente falar, só Deus sabe o momento da vida da gente. Mas se tivesse um hospital na cidade, com certeza o tratamento era outro. A falta do hospital para gente é muito difícil”, disse a avó de Maria Eduarda, em entrevista concedida ao G1.

Até hoje a família de Maria Eduarda diz não saber o verdadeiro motivo da morte da criança. Lindalva conta que só foi dito à família que a menina teve uma infecção e morreu após sofrer a parada cardíaca.

A avó de Maria Eduarda mora em Marialva há 47 anos. Ela teve quatro filhos. Segundo ela, todos nasceram em um hospital na cidade. Em 2013, a única instituição que permanecia aberta fechou as portas, o hospital São Pedro.

Atualmente, ela diz sofrer com uma hérnia no estômago e refluxo. Por conta dos problemas, ela aguarda por um exame de endoscopia. O pedido foi feito há nove meses no Pronto Atendimento da cidade. “Diz que não tem vaga. Eu estou aqui esperando, passando mal, não posso comer direito”, reclama.

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